Tomara

Como num sopro a vida passava, sempre derradeira e cruel. E eu, tão pequena e arteira, tratava de me pintar de vermelho, em protesto. Estudo se há sentido nos sentidos e se é possível compreender o complexo que nos constitui. Vago pelas falas esparsas sem que me prenda à ilusão de que eu sei de algo. Não sei. Não teria como saber. Supondo que exista algo além, considero esse além distante demais - ou perto o suficiente - para que eu não o perceba; afinal, sou egoísta. 
Me utilizo de amores como garfos de partir carne. Ao terminar, voltam à gaveta. 
Escuto sambas como fumo cigarros - aliás, os cigarros parei de fumar, os sambas são a mais única fumaça que consumo, num mundo onde as batidas da bossa nova se perdem nas calçadas, igualmente perdidas. 

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