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Três ciclos faz.
Hoje tô abrigada, sabe... segura, amada. E ainda sim, me permito me inundar de desejo, me afogar em pensamentos que não tem espaço para existir. Sempre fui do toque, do sinestésico, do sensorial. O que me pega pelos cabelos, me pega pela alma e quando vejo, já tô num entrelace esquisito, partida em mil pedaços. Assim eu era. Acho que sinto saudade de sentir tanto.
Eu já fui escolhida. E ele me olha como se eu fosse a melhor coisa do mundo. Pega forte na minha mão. Põe comida pro meu gato. Me apresentou a mãe... esse amor tranquilo é o que eu sou hoje. O que eu tanto quis ser, e achei que não me cabia, que eu não merecia. Esse amor é uma conquista.
Eu fecho os olhos e alguns desejos passam pela minha retina, explodindo em cores, enquanto o sol de fim de tarde invade a cortina, me corta o peito, me lembra que nada é tão certo e bonito quanto parece ser.
E aprendo que o firme mesmo é o balançar das árvores, principalmente aquelas que se curvam, mas não cedem. Se me enrijeço, peco. Se peco, perco. É a dança entre o desejo e a razão.
Três ciclos fez.
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