fotografia
Nunca apaguei as fotos com ninguém. Deixem-nas lá, povoando o repertório das paixões antigas, memórias de outros tempos. Deixem-nas lá, enchendo os arquivos que de quando em vez dedilho em busca de sentir algo.
Mas as suas apaguei. Apaguei as fotos e o que restou das fotos. Não revelei os filmes do meu aniversário, não fitei seus olhos apaixonados pelas telas do celular pela última vez.
Acima de tudo, me sinto triste. Triste que não verei seu rosto refletido e que a última memória que tenho de você é com seu rosto arranhado, suas roupas sujas e meus olhos te vendo por entre as lágrimas.
Se eu pudesse, apagava aquele dia 26 de junho, em que abri a porta da minha casa e da minha vida. Apagaria a minha existência do seu lado nos retratos. Deixaria de viver as coisas lindas que vivemos, se não fosse para lembrar das ameaças que você me fez.
Que o tempo se encarregue de me registrar novas fotos, de novos rostos e através deles eu possa esquecer dos olhos que me fitavam no escuro.
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