todo mês meu sangue me lembra que existe morte e vida. que o tempo não é meu, embora pareça. que existe força irrompendo de dentro, silenciosa, amadurecendo e apodrecendo em ciclos iguais aos da lua. que existe maré cheia e maré mansa, inócuas num corpo largo, farto, abundante. que a magia é o ato de transformar e tudo em mim se transforma o tempo todo nessa dança sem ponto sem vírgula e sem pausa; há algo de misterioso acontecendo, sempre. uma camada inacessável até aos olhares mais atentos - que só se revela quando e como eu quero. todo mês meu sangue me lembra que expelir dói. e que a dor é algo endêmico à mim, parte dilacerante da potência de ser eu. só é bom se doer. só faz sentido se é bom. se dói, faz sentido. e depois, livre e limpa do sangue que mancha tudo, creço fértil e trepadeira, alastrando vincos por onde passo.
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Oxum