Samba em prosa do primeiro domingo de outono
O calor do começo de outono me acorda da cama, ainda à noite, e eu me esqueço como acabei ali. Parece ter algo permanentemente deslocado. Eu acordo e sinto teu cheiro, me viro de bruços e sinto teu beijo-fantasma e às saudades me fazem de gato-e-sapato. Nessa roda da vida, eu me sinto tão absolutamente maltratado e satirizado (...) eu te esperava por todos os cantos, todas as ruas, virando pra trás num desespero travestido de saudade, numa esperança travestida de medo. Me corrompo dentro de mim para te achar um espaço por aqui. Eu acredito no nosso amor, nosso ardor; mas em nós mesmo, não acredito um pingo d'água em meia furada. E crio paliativos que justifiquem tamanha burrice - o não-aprendizado do ser humano - sem nunca me esquecer de que eu sou só mais um dos seus ciclos. De que eu mal sou um dos amores. De que o retorno não será de um todo bom. De que nossa necessidade nos torna frágeis.
E eu só preciso de você, acima de tudo.
Amar é um erro que cometo consciente.
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