Mais uma vez, a culpa é do vinho tinto
Eu tenho pensado muito em tudo, menos nesse rush hour que subitamente se tornou a passagem da ternura à obsessão. Tenho escrito por encomenda, tenho sido paga em moeda que nada compra além de adornos para a minha orelha. Meu sangue de Ogum e Ossanha, me deixam, sem dúvida alguma, num cambalear estranho, daquele que se redime por falar alto demais. Eu continuo caindo em todas as armadilhas do caminho.
Neste sol em áries, eu me faço completa, plena em meu rastro vermelho, do sangue sagrado, do sacrifício.
Pelos meus dias que voam, avoam pela janela sem medo de que eu chore, de que eu os peça para retornar, eu ouço um samba, bebo um vinho mais doce do que gostaria e sinto saudades da fumaça do cigarro, que abandonei por medo de queimar-me os dedos. Por medo do dono do quarto dos fundos onde moro, sentir o cheiro inebriante da bela melancolia que é acender um cigarro, me expulse de novo.
Cresce no ventre da minha mãe, meu filho. E no meu imaginário de Dom Quixote, eu caso contigo todas as quintas-feiras do mês. Eu sinto teu cheiro de uma forma compacta, como se ele fosse apenas um conceito que eu criei. Tu és metafísico.
Estou exausta em falar de amor, há dias vendo roendo a ponta das unhas atrás de quem me diga: vá e fique por lá.
E Cazuza, ariano como eu, disse que o futuro é duvidoso. Pedi um breve demonstrativo do cosmos e recebi um rude não em forma de chuva, num dia em que esqueci a sombrinha e saí de branco. Num dia branco.
Minha exaustão se opõe a doçura dos meus lábios de jovem, tola, embriagada nos meus olhos corporais e misticismos chulos, que justificam o fato de eu só me importar com o que é barato, não presta. E não falo de homens, falo de vida mesmo, das pedras coloridas do caminho, do vendedor de miçangas por quem passo todos os dias e troco suspiros pelo trançado do colar. Que vale R$2.
Escrevi um manifesto de preto pra preto e atestei-me de óbito de ascendência.
Quero cobrir minha pele de desenhos que representem mais a mim do que as marcas de sol e cortes de couro que foram feitos ao longo dos anos.
Digredindo em Elza: Serei eu a mulher do fim do mundo?
Como hei de escrever meu próprio manifesto se mal sei onde quero chegar? O samba é a tristeza que balança...
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