Corda-bamba
Renovada pelo teu carinho e por sua compreensão eu embarco novamente. Vejo um futuro turvo e talvez inexistente que sucumbe à minha vontade imoral de tê-lo à todo e qualquer custo. Não cabe em mim incertezas mais, deixei-as todas do lado de fora, à sussurrar absurdos pra dentro de mim. Me fiz vil e tola ao jugo dos homens, que nada dirão para além do que eu já suspeite. No ciclo dos amores febris, você tem sido o anestésico por entre as ondas de enxaquecas. E ainda que tua indecisão me cause o caos, teu passado me fure o peito, acredito numa glória póstuma de amantes jovens. Minha insensatez rubra me faz apenas lembrar como bons os momentos de sexo sórdido, em que você observou meu corpo como se ele fosse de fato seu. Entretanto divido em mim os lampejos de sono que eu, nua e aturdida, deito em você e vejo meu medo se dissipar em cautela; meu ardor se dissipar numa estranha compreensão de que, de fato, não foi por acaso. Há que se ter um cuidado imenso ao entrar (no meu infinito particular) na órbita tortuosa que sou. Há que se cuidar, também, de mim, pois pulo refeições e durmo sem escovar os dentes. Ainda que infantil e insana, na corda-bamba de Amanda existe um apoio suspenso de um inesperado equilíbrio. E, ainda que com medo, eu te espero. (Enquanto eu conseguir).
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