O fruto

O futuro vem solene como um batuque de tambor. E no estica-puxa do espaço, repuxei meu encanto e hoje paro por aqui, sabendo que nada é bem uma parada. Em alta velocidade meu ambiente se transfora e pois eu, que outro dia, nascia, hoje cresço em rugas convalascentes de uma dramática vida adulta que se aproxima. Eu ouço o choro da criança e também choro, por saber que um dia tudo há de ruir e haverão momentos em que a vida nada mais será do que um fio desprezível de dor. Ela se renova em seu próprio círculo de horrores. Mas é bonita, é bonita. A incerteza se junta a mim como um abraço de mãe. Nas adversidades do tempo, me escoro nos escombros do que eu um dia fora, na mais tenra juventude. Das ilusões perfeitas em sentido e forma. Dos amigos que um dia tive. Pois quando o fruto cai, ele não mais pode retornar, só apodrece aos pés dos que ainda cairão. 


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