eclipse

as palavras saem correndo e se misturam com o ácido em meu estômago
elas flutuam e se embaralham, com o habitual gosto amargo
subindo contra a gravidade do meu corpo, que pesa tudo para baixo
nesse dia de eclipse vejo o céu da mesma janela da qual fugi, há quase um ano
e encaro com desespero a minha própria luta, questionando se seria capaz de vivê-la novamente
vejo os ciclos se fechando e o tempo que galopa como um rei, imponente e firme
me vejo através do mesmo espelho, sob a mesma luz
me vejo menor, mais jovem
me vejo mais clara, mais branda
me vejo.

confronto meus desejos e antigos sonhos
procrastino a resolução de problemas iminentes
fujo de responsabilidades urgentes
sonho acordada enquanto passo a maior parte do tempo adormecida
anestesiada pelas mudanças que não param de me rondar
como se me espreitassem, ao longe
esperando um frágil suspiro.

Comentários

Postagens mais visitadas