Deixe um sinal

Talvez por alguma ironia você ainda se lembre que eu só me expresso bem por aqui - e ai, definitivamente, não terei mais nenhum argumento contrário a o que quer que seja isso que temos. 

Caso vejas, peço que deixe um sinal. Me pergunte quantas horas são, ou qual minha cor preferida. Se já vi o céu lá fora. Se tenho fumado mais cigarros do que gosto de admitir. Me confronte. 

Para quem sente tanto, na intensidade que sinto, qualquer fagulha faz fogo. Para quem se adormeceu por tanto tempo, todo despertar é um rápido grito de morte. 

Passei os últimos meses tentando anestesiar essa dor, essa ferida, que queima, arde, me consome. Que me acorda em chamas durante à noite. Que me faz chorar em silêncio. Tentei, por inúmeras vezes, fugir. E o destino roda em seu sarcasmo infinito e nos mantém presos aqui. 

Penso em amarrá-lo, inerte sobre a mesa. Despir-te a roupa, o pensamento. Te inundar com meu ser nu, hostil, inóspito. Te afogar em águas calmas e profundas. Mostrar o feroz e voraz. O que nos serve de alimento, pouco a pouco, no conta gotas. 

Quero que irrompas a porta, firme. Que me cante as canções mais tortas. Me surpreenda, me desfaça. Se movimente, me arraste. Me faça tua, crua e nua, o terrário de um amor que se vive em segredo, silêncio. Que meça minha vontade pela umidade. 

Que não haja espaço pra dúvida, pro asco. Despidos, ainda há branco e preto. Entrelaçados, há o querer, o destino e a confiança. 

Eu escolho cair. 

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