eu só queria enxergar

Enquanto a roda gira, eu giro junto. Me vejo menina, me vejo mulher e anciã. Me vejo em mim mesma e em tantas outras... me vejo num passado constante, em repetições síncronas que dançam inatingíveis. Ver é uma dádiva. Enxergar, um privilégio. 

Enxergar o tempo, além do presente e do passado, a grande teia cósmica que nos abraça em ciclos tão irregulares e caóticos que são perfeitos em si mesmos. 

Ouvindo as mesmas músicas, nos mesmos momentos, em tempos diferentes. 

Ouvindo as mesmas músicas, em momentos diferentes, em tempos iguais. 

Ouvindo músicas diferentes, nos mesmos momentos, ao mesmo tempo. 

Sinto sensações que não tem nome. Cresço com o passar dos dias e, ao mesmo tempo, me diminui. Agradeço aos que vieram antes e abraço os que chegam. E tudo se encaixa, se completa, se escreve... em crimes perfeitos que antes mesmo de acontecer, já prescreveram. 

É impossível vivenciar o "eu" sem contemplar o nós. Os nós. Antes, durante e depois. 

O tempo todo. 

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