Dorme.
Tudo dói por dentro - o peito, as costas, as articulações.
Vou me remendando em silêncio, tentando alinhavar na costura os esgarços desse tecido de mim, para que ninguém veja que está puído, partido.
Visto minha capa-fachada e me pinto de resolução: como aqueles tapetes que imitam os persas, mas no fundo se mostram um emaranhado de linhas confusas.
Nessas linhas, bem nas entrelinhas cruzadas, me pego pensando nos nós de nós. Em quantos nós cabiam nas linhas cruzadas... no quão paralelas elas se foram, no fio que perdi, e não sei onde buscar.
Onde está?
Como quem finca o dedo na roca, adormeço em sono profundo, aqui dentro de mim.
Tranco esse coração na mais alta Torre, certa de que um dia voltarás para desespetar as três cravas nesse peito que dói.
Adormecida.
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