Labirinto.

Hoje acordei pensando em você. Como em muitos outros dias. 

Enquanto eu tomava banho, me lembrei de uma foto que você postou esses dias, você lindo, de terno. Vi no seu rosto um brilho, e reconheci o homem que eu via por detrás da luz da lua, em algumas poucas noites que meu corpo tocou o seu. 

Acordei pensando que o que poderia ter sido, não foi. Vi sua curtida lá onde falei sobre meu pedido de casamento. Te senti zombando de mim, do alto da nossa distância. Te senti me falando que eu jamais teria tanto gozo, tanta quentura, quanto tivemos. Lembrei de você me falando: "tô doido pra ser teu macho"

Entre as minhas tristezas e as minhas invenções, a realidade e minhas projeções, tem algo em você que ainda movimenta a minha paixão. Hoje, no banho, inventei um cenário onde nos encontramos para almoçar e finalizamos nosso ciclo - de forma madura, rápida e indolor. Entendendo que escolhemos outros caminhos. Me certificando que você não pode e não quis me escolher - e eu também não o fiz. 

E, ao longo dessa escrita, me recordo de um momento em que você me perguntou: "se você pudesse viver exatamente o que você quer viver, sem restrições, o que você viveria?", e, ao me embaralhar na resposta, lembrei do brinquedo que tínhamos de fugir de carro para a Bahia, passando pelo Espírito Santo. Ainda posso sentir seu cheiro no lado do passageiro, com o braço pra fora da janela do carro. A memória escapa de mim conforme não te vejo, algumas coisas já não consigo me lembrar mais. 

Você vai se desfazendo no meu olhar, te vejo cada vez mais turvo, mas ainda na esperança de te encontrar casualmente em algum lugar. Nessas fantasias, te olho por baixo e me sinto segura do que escolhi. Hoje, ainda não me sinto. 

Anteontem resgatei seus áudios. Ouvi rapidamente sua voz. Me preencheu de um tesão e de um vazio. Não sei ao certo como sair desse labirinto. 

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