caleidoscópio.
Nesse abismo com ecos dos outros, por todo canto, me acorvado e diminuo. As vozes dos outros gritam comigo, e me perco nos diálogos imaginários, todos cheios de vergonha e ódio, que crio com eles. Disfarçados de outrem, meus medos me apontam o dedo, engordurado, deslocado, com terra sob as unhas.
As facas fincadas no chão viram espelhos, e evito me ver neles também. Evito fitar meu rosto distorcido pela dor e pelo remorso, e mostro a língua no sentido da lâmina das peças; sabendo que nenhuma delas é tão afiada quanto meu próprio julgamento sobre mim mesma.
Perdida entre o que foi e o que poderia ter sido, vejo os dias passarem com a consciência de que não sei como sair daqui. Refletir sobre como cheguei aqui, do contrário, é tudo que sei fazer, questionando todas as minhas decisões e toda falta delas.
Invento moda, tento preencher o vazio de flores, tento fazer sentido, mas a realidade é que não entendo - e ninguém parece entender também. Sob o jugo incompreendido das tensões que eu mesma criei, vou correndo em círculos.
Eu sou eu ou o conjunto de coisas que aconteceram comigo?
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