La doce vitta *

Faz certo tempo que tudo eclodiu. Lembro-me da minha expectativa, da minha satisfação. Lembro de tudo, mesmo das coisas mais vergonhosas que eu já tenha dito e, garanto, foram muitas. Não me arrependo. Na realidade, tirei de mim um fardo enorme que vivia por ai a me perseguir pelas noites, a me espionar dos becos, a fazer sua atividade imoral. Pois foi num assalto que me dei conta do quão frágil estava, do quanto eu precisava refletir em meio aos fatos que explodiam na minha retina. É, foi bom. Como tudo que me acontece, vem, talvez fica, e logo vai, no tempo suficiente de haver aquela dorzinha incômoda, não lascinante, mas que persiste, como uma dor atrás dos olhos. Em casos extremos, me basta fechá-los e sorrir. Afinal, a realidade nunca gostou muito de mim. Quem sabe eu espere, quem sabe eu chore. A certeza de uma próxima visita acalenta meu ego, me faz contar dias no calendário, mesmo que não me cubra de esperanças - para mim, basta saber que tudo um dia existiu.

(BFG)

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