Espero *
Ela caminhava descalça pelas ruas de pedra, semi-úmidas da chuva que caíra agora a pouco. E seu vestido branco balançava triste pelo corpo cansado, exausto da caminhada que vinha fazendo... E aí ela te viu. Assim como eu vi. Vimos você suspirando, sentado na calçada, com os ombros pra trás. E os cabelos louros dançando com o vento, seus olhos verdes pequenos sorrindo pra nós ao longe. Ela te viu. Deve ser porque somos um, e na verdade, parte de mim subia as ruas vestida de branco, pronta pra casar-me com um sentimento tão puro e inesperado, tão forte e arrebatador. Eu estive esperando por todo esse tempo, pra me sentar na calçada ao seu lado e deixar a cabeça encostada nos seus ombros, sentindo seu perfume, vendo sua cor, tocando suas texturas, sua paz. Ouvindo sua voz que me diz coisas tão banais, corriqueiras. Observar seus músculos me tomarem quando eu pender frouxa dos lados. Entregar-me leve aos seus cuidados, até que meu cabelo não mais se penteie. Ela está longe, do outro lado do oceano. Mas eu, pensamento, eu quanto sonho, estive aqui o tempo todo. E é parte de mim que planeja, que se consome em paixão, que chora. Parte de mim clama por seu toque. Espero.
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