A vingança não é fria, tampouco quente. É morta.

Vi meus olhos vermelhos em vingança. No banco do carro, eu via o vidro se encher de uma fumaça que não era minha. E meu prazer já não era o sexo, mas a dor que talvez isso lhe trouxesse. E nos dei um fim trágico, assim como nas telenovelas dramáticas. Nos dei um tom eterno de uma dor que sempre vai morar no meu peito, uma dor de traição. Quebrei teu silêncio em partes inúteis e pisei em cima delas, descalça. Enquanto o sangue corria pelos meus pés, eu corri, na esperança de fugir do sofrer. Mas quando eu durmo me vem meus sons suspirando do prazer que um dia tivemos e a me perguntar: é capaz que um dia eu sinta o mesmo? Me lembro de quando minha pele escorria na sua e no escuro do teu quarto, na tua cama, os reflexos dos meus olhos se misturava à tua parede azul, que eu sei de cor o tom, até hoje. A intesidade dos nossos atos me deixaram perdida e vazia. Se esvaiu de mim o brilho do amor e só sobrou um amargo bonito, bem vivo, coberto de ódio. O que é ódio, senão um amor raivoso? Pelo menos ainda te tenho nas minhas memórias de um verão quente que terminou no fim do inverno, lavando consigo o calor velho de nossas andanças e minhas esperanças de viver maravilhas tão lindas quanto as que você me deu. 

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