Do amor (dia 177)
Eu tenho lido, ao caso mesmo, coisas sobre o amor. É que geralmente eu evito as definições gerais que me dão por aí, que gritam por aí. Não consigo acreditar veementemente em nada. Ontem me vi mais nova, deitada no colo da minha mãe, chorando lágrimas ansiosas. Eu estou em dor. Mas é uma dor calada, nobre e bonita no doer. Pode parecer estranho, mas é algo frutífero. Desde os analgésicos, o significado de dor tem mudado. Não que eu os negue ou os considere ruins, pelo contrário. Mas vamos nos anestesiando até todas aquelas substâncias rodarem em nós e distrair nossos sentidos reais. Eu tenho me drogado de tempo, das férias que tiramos de nós. Eu até tentei coisas diferentes. Não ouço nossas músicas. Não paro ao passar na nossa rua. Não olho nossas fotos. Eu nego. Eu não converso. De todas as coisas que me falam sobre o amor, apenas uma é certa: ele existe. E mora em mim, aqui dentro. Mesmo que numa casinha meio torta e mal construída. Mesmo que às vezes chova dentro dela e tenhamos que sair às pressas para não nos afogarmos. E mesmo que isso seja o fim, e parte de mim tem certeza que sim, todas as vezes que eu pensar em você será com amor. Porque você não me feriu. Não me magoou. Não me enganou. Você me amou também. E eu tenho um filme nosso guardado aqui dentro; fico absorta em lembranças felizes toda vez que repasso. Será que você lembra? Será que você também se sentiu profundamente feliz como eu me senti?
Você viu o melhor e o pior que existe em mim.
Você viu tudo que eu consigo mostrar.
Eu te amo.
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