O gosto da fuga
São sentimentos dúbios que me acometem ao empurrar a porta - já aberta, indicando uma provável alegria associada à minha chegada - serei eu mesma, moradora deste lar? Para além de tais anseios, os recentes acontecimentos foram bem digeridos por meu pai, que disse, entre risos "parece que é só você ir embora para te amarem". Eis que foi. Chegou até mim um pedido de perdão partido e um "eu te amo" que bateu fundo no meu estômago, mas sequer foi capaz de voltar em vômito. A distância embalsamou minhas dores e impediu que eu chorasse. Eu só me sinto cansada, só isso. É como se fugíssemos um do outro o tempo todo, sempre impelidos da vontade de voltar, da ganância do sexo, da eletricidade que de nós sai quando nos tocamos.
"Eu também te amo, disse que era pra sempre", foi minha resposta.
Entretanto o amor, aqui, não significa nada. Dói-me os ossos a possibilidade de te querer de novo; não acho que eu seja capaz.
Então eu cruzo a soleira da porta, um tanto quanto pálida, remoendo em mim toda a vontade que alimentei de fugir.
"Eu também te amo, disse que era pra sempre", foi minha resposta.
Entretanto o amor, aqui, não significa nada. Dói-me os ossos a possibilidade de te querer de novo; não acho que eu seja capaz.
Então eu cruzo a soleira da porta, um tanto quanto pálida, remoendo em mim toda a vontade que alimentei de fugir.
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