Do amor (dia 96)
E vendo você me contar suas histórias, eu chorei. Chorei por muitas coisas, chorei por mim e por você. Chorei por não saber o que fazer e me sentir tão cheia e perdida, que nossa caminhada foi curta pra tanta luz que eu absorvi. E é bom lembrar que eu sou fotofóbica. Mas eu precisava daquela luz do dia, do frio do outono cansado que já se entrega ao inverno de vez, aos radicalismos da estação que nos cobre de neblina logo de manhã. Fatalmente me calei enquanto você cruzava as esquinas e se lembrava do dia que nos beijamos no carnaval. No dia que minha vida virou e eu nem sabia, juro que não sabia. Se eu soubesse, teria feito o mesmo.
Foi bom não desistir de você.
Nas ruas cinzentas eu achei uma casa engraçada. Você me parava na rua pra me dar beijos. Falta alguma coisa em nós, tenho certeza de que falta. E procurar isso inconscientemente me dói, essa sensação de insatisfação eterna. Eu caibo bem no seu abraço, eu ouço você falar de nós e me dá um aperto, uma vontade de ser feliz.
Na hora de despedir, não quis que você fosse. É tão triste me despedir, tão triste saber que você não vai me cobrir de noite e me beijar na testa. Se aquecer com meu corpo. Me despir sem que eu perceba. Mas sabe, você me faz querer que existam amanhãs. Manhãs frias em que eu vou caminhar até você e vamos brigar por coisas bem bobinhas, como você mastigar o rótulo de coca-cola até ele perder a cor.
Comentários
Postar um comentário