Do amor (dia 146)

Parece que o dia lá fora reflete a dor que faz morada aqui dentro. Cinzento. Frio. Melancólico. E eu insisto em te fazer perguntas, numa tentativa tristonha de te recuperar quando eu sinto que você parte de mim e me parte em pedaços tão pequenos que não tem como recuperar. 
"Você vai desistir de nós?"
As lágrimas me cortam o rosto como facas e eu esqueço das coisas que tenho que fazer na rua. Já faz tempo que não como. Minhas vontades se anulam na dor de ver você me deixando, aos poucos, pra trás. Parece insuperável. Parece insurgente. Se eu pudesse, eu clamava, sem orgulho algum, que não me deixasse. Que não me abandonasse, frágil e sozinha num mundo frio que você me ajudou a colorir. E que agora desbota gradativamente, descola das paredes como se fosse barato. Como se fosse mal-pintado. 
Ironicamente foi você quem me disse que a pior dor é a dor de amar. 
Pois então, eu te amo. 
Me desculpe se não disse antes, passei tempo tentando descobrir se era verdade. Me perdoe por não te enganar. 

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