Do amor (dia 150)

No começo do dia quis te escrever um haicai, mas tão cedo apelo me fez perder a inspiração, que escapou risonha entre meus dedos, dando tchau. 
A beleza do haicai está na brevidade do momento em que ele nasce. Infelizmente, aquele haicai abortado pairou pela minha cabeça durante algumas horas. 

Hoje eu colori nosso amor. Ele me pareceu tão irregular e belo em suas nuances de rosa e vermelho, que sorri para aquele infortúnio em forma de aquarela. Eis que mais um dia me faço tua, cheia da vivacidade das nossas dores passadas. Há muito ainda a ser feito. E o que há de ser feito de nós? Nesse emaranhado de dias que nos perdemos? E só eu me lembro... só eu conto... na esperança de no fim, eu poder me explicar a mim mesma: "foram infinitos dias de amor". 

Pelas turbulências que eu, mar, criei. Na sanha de amar, de refrear uma fatalidade tão natural quanto nascer. Ao haicai, abortei. A ti, dei vida à contragosto. Mas ah, quanto gozo foi tua vida na minha. 

Cento e cinquenta. 

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