Idade *


Talvez eu esteja mesmo ficando velho. O branco dos meus cabelos não me deixa enganar... fico pasmo com o tempo, sinceramente. De repente tudo se transformou e as entradas no meu rosto se abrem para o infinito. A idade me acomete não só o semblante, mas as ideias, que se tornam, paradoxalmente um retrato da velha juventude. Todo meu respirar tem um quê de revolucionário, apesar de não mais poder correr nas ruas com a cara pintada. Na teoria é tudo tão prático... Só me resta continuar a filosofar sobre a efemeridade do amigo, que me carrega cada dia um pouco mais para perto de si, me quer em seus braços, fazendo afagos, tornando-me caduco. Ele exige minha presença, a velha alma, que só ele mesmo há de querer.

Comentários

  1. Okey pqp
    O primeiro texto é muito interessante, é um narrador masculino, fala sobre tempo e envelhecer (inversamente proporcional comparado com sua escrita atual).
    Gosto do bloco de vida, quase uma janela ou uma ida ao espelho. Acho um fragmento bom!

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