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Era uma pessoa desajustada, que passava o dia todo de pijamas. Era um leão contido, que sofria e surtava em silêncio, chorando aos berros. E por estar sozinho, às vezes se perguntava sobre o futuro. Às vezes sentia um aperto, um sinal estranho, como se fosse embalado pela solidão. E via nas fotos, o tempo que passava, sem que se desse conta. Lia poesias como quem morria. Ouvia sons como quem corria. Amava como quem fugia. Urrava como se realmente sofresse, quando nada, nada era real. E manipulava hipóteses, como se fossem fumaças coloridas a subir pelo ar, em espirais ascendentes, em humor decadente, impossíveis de serem aprisionadas. Alimentava-se do sono. Bebia da água amarga da jarra de café. Tudo era velho. As ruas eram sempre as mesmas. E o 'desajuste em pessoa' desatou seus nós, caiu por terra, foi em busca de algo que o endireitasse. Seguiu a trilha que lhe deram, a cartilha que leram em sua mão, o destino que não se discute, que se pinta e se assina. 
Que nessa trilha não lhe falte amor, porque se faltar, há de sobrar em algum canto. Amor é algo que nunca se falta, nunca se ausenta. Amor é o rastro da trilha que fizera. Não um alvo. É ritmo, compasso. É o caminho. 

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