Carne e osso *

Cigarros queimados e uns sentimentos vazados. O cheiro que fica, me lembra das coisas que tenho a esconder. Me lembra da poesia que mora em mim, que ora some, se confunde, se perde e volta, como um filho pródigo. Quero me transcender. Libertar meu corpo e viver da sonoridade dos versos, do ritmo descompassado da vida que um dia tive. Do que tenho. Viver da essência, do cheiro que incomoda. Viver do câncer que me anunciam, quando morrem-se aos poucos de depressão. Amar loucamente, chorar num frenesi, um disparate imoral. Beber pra esquecer. E lembrar. Porque de uns tempos pra cá, tenho reconsiderado muita coisa. Tenho escrito um diário, mesmo que um dia tenham me violado, estuprado minhas memórias e as jogado fora, como nada. Mesmo que um dia tenham me dito que não. De uns tempos pra cá, sou humana. 

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