Meu *

Nublar-se. Ventar-se. 
Era exatamente isso que eu queria. Aquele friozinho cortando meu rosto, queimando a ponta do meu nariz, mexendo com meus cabelos. A claridade dançando pelos meus olhos, perdida. O sono me escravizando e a mesma contagem regressiva (ou seria progressiva?) de meses atrás retornou. Mesmo tempo, mesmo espaço.
Uma queda descendente condescendente contínua e pesada. Ou até mesmo leve como a fumaça do meu cigarro, aceso sozinho, sem que eu o trague. Solta do corpo errante que carrego, dos meus pecados tolos e imorais. Dos hematomas espalhados pela minha pele, da alergia à tudo, do som silencioso da chuva que eu espero há tempos. A vitória do meu time de futebol, o calor de lembrar do frio de meses atrás, da minha necessidade de correr, atravessar o tempo como quem faz um difícil bordado.
Estou quebrado. Caído. Mas ainda (m)eu. 

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