4 *

"Olha como a lua está linda, redondinha", ele me disse; porém de onde eu estava não via a lua, via apenas seu corpo negro e nu a me contemplar. Talvez eu fosse a lua e não me visse mesmo, por fim. Mas me juntei à ele numa serenata silenciosa, me enrosquei no seu peito já frio de suor e vi várias luas. Vi o astro que me olhava da janela, debaixo das nuvens, como se me espiasse escondido; vi algo a brilhar distante no peito dele, girando na minha órbita; me vi fora do meu corpo, eu lua, redonda e linda de formas e sabores. E na noite calada eu quis as luzes apagadas. 
E meu prazer se deu lúdico perante meus olhos. 
E de tantas noites, aquela tinha no céu o mesmo que havia nos meus lençóis: estrelas. 

Comentários

Postagens mais visitadas