Do amor (dia 29)
Seus traços fortes, sua cor escura delineando um corpo que explode em sensações. Seu andar natural de tão treinado, a voz ardendo em meus ouvidos, a me perguntar cousas que não consigo responder. O calor que me inspira suspiros; a pele que me provoca arrepios. As recentes saudades que tenho de um tempo que pareceu parar, uma eternidade que criamos além e agora nos parte, partindo, parindo de dor. Que me desnuda crua e sozinha, que me expõe vazia e doente. Que me tira de ti e me põe de volta em mim, onde eu não queria estar. Divir de você o que há em mim de sobra. Doar para mim o que nunca tive. Meu lado esquerdo estremece, contorce e vomita; eu nem sabia que sentia tanto. Do lado de fora me chamam, pedem que eu pare. Minhas esperanças me fazem nadar para o profundo vazio do mar aberto. Eu que evitava perseguir as ondas que quebram, mergulhei fundo na mais alta delas. Odeio o excesso de azul, a falta de ar, a umidade gélida que carrega um eu mórbido de quem arrancaram uma parte que nunca me pertenceu.
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