Do amor (dia 44) - no sertão

O amor não vem só pros desavisados. Ele vem pros necessitados. Aqueles que clamam em silêncio pra serem capazes de amar, capazes de sentir nas veias o fruto de milênios de evolução universal que começam engatilhados e engatinhados nos corpos que se amam, febris. A crueldade da dor do amor é a beleza dele existir, o legado memorável e por vezes insuperável. Suas marcas se eternizam em nossas peles como feridas de escárnio. E nós, seres pequenos, somos eternos por alguns segundos. Ainda que a morte chegue sorrateira à nossos pés, mesmo que ninguém mais se recorde, alguns momentos viverão pra sempre, como ondas invisíveis que transportam pra sempre energia e calor. Por mais que eu não receba de ti o amor que em mim gero, sem contanto lhe entregar, ele existe. Envolto numa capa de orgulhos e medos, tormentas e traições. Vem como a flor do sertão, a rosa do cactus. Sou eu, mandacaru, no meu deserto, vindo do teu rezar. 

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