Do amor (dia 44) - na estufa

(Dói em mim não te ter por completo 
saber que suas ausências em mim
são preenchidas por outro alguém.) 

Ao abrir a porta, aceitei
comprei tuas ideias e flores
me rendi no calor do peito, teu cheiro
quis fazer em ti morada.
Ocupada.

Cortei os cabelos.
Lembro-me de quando eles se jogavam
no teu peito teciam nosso cobertor;
na estufa de verão que brotaram nossas ervas.
Daninhas. Danem-se.

Te faço poemas, te dedico músicas
mas do meu querer tu não podes saber
não quero ser por ti amada
rústica, evasiva - fujo de ti para ti.

Decifra-me, devora-me
se tranque comigo no vazio do meu peito
encarregando de desfazer os nós
que mesmo criaste...

Cresce no meu ventre uma vontade
Cresce no peito, veneno
Cresce nos olhos, lágrima
Cresce saudade, ô se cresce.

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