Das flores de cactus
Mandacaru dança pelos mortos do sertão. E cada passo traz consigo a dor das memórias. "O passado pesa como pesadelo sobre o cérebro dos vivos"*. Sorri de lado, bamba. Finge uma alegria, enquanto tira das costas espinhos sujos de sangue. As fincadas que lhe surgem no ventre, fazem lembrar que tua pureza morreu com o abandono. Mandacaru, bela e rosa. Única e esparsa. Não-comemorativa. Dificilmente arrancada. E se tu olhas pelas estepes, pelo cerrado, não a vê. É no sertão que ela se ergue. Na seca da desesperança, na rachadura dos desesperados. Nos mostra que mesmo dentre os fantasmas, há vida. Uma vida doída, traiçoeira, imperdível.
*citação de Karl Marx.
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