Mórbido *
Às vezes queria ser um pouco menos imaginativa... sonhar menos, quem sabe. Porque há barreiras intransponíveis aqui dentro. E de tanto alimentar fantasias dentro do meu conto de fadas particularmente insano, me perdi. Nos conflituosos caminhos do meu pensamento me torturo com as pouco audaciosas peripécias que executei. Posso sentir a incerteza aumentando na medida que corro, fugida de mim mesmo. Para onde os pássaros não cantam, para onde o silêncio reina absoluto, numa abóbada encantada iluminada pelo sol, entretanto recoberta das mais belas estrelas. Fugirei para bem longe dos meus ímpetos. Saudoso o tempo que demorei para domá-los... Acredito que tais impulsos sejam o que realmente sou e por vergonha deles, confesso, os escondi. Lá no fundo onde olhar algum alcança. Suas palavras retumbam dentro da minha cabeça. Nenhum grito sai. Posso sentir o gelo da minh'alma no calor da iminente primavera. Não sou suficiente, sou um ser vazio, incompleto e desgastado. Sou ruína de um castelo em construção. Sou um amante inconstante, confuso, impertinente. Sutil como os raios tímidos do alvorecer, mas talvez não tão belos quanto eles... Se apesar de tudo, ainda me quiseres, deixe flores na minha lápide, entre sorrisos lacrimosos de quem teve um vida breve.
Existe um pressuposto narrador universal, que tende a ser masculino, que me pega. Queria refletir se ele tem uma diferença de sentido nas indagações q ele faz.
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