Be cool to me *
Eu juro que te vi naquela pintura, naquele tigre desenhado brilhantemente por Dalí. Te vi ali no surreal, no infinito; sorri com propriedade e agi como de costume, correndo como criança, balançando os cabelos como quem um dia esteve perdido. Te vi nas paredes cobertas por ladrilhos, na calçada-símbolo de Ipanema, nos imensos painéis de Portinari. Você me pareceu tão triste, mas tão belo, que eu hesitei. Mas não faz mal, somos dois filhos do poético, do artístico, da primeira essência do ser, que nos tratamos como irmãos. Ficamos tanto tempo separados que te ver passar pelo infinito foi tão casual quanto estranho. Dei um laço no pulso, para me lembrar daquilo que eu nunca vou esquecer. Pulo sobre a areia, me desfaço, despedaço. Você me olha de canto, faz um castelo, chuta a água. Te ouvi nos acordes do violoncelo, na sinfonia que tocava naquele dia de outono. Ventava. Sempre venta. Não sei quem és, mas sei que és meu e tão meu quanto a voz que emana do rádio.
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