Morfeu *

As ondas elétricas do meu corpo me dizem que estou cansado, estressado e impaciente. Meu cabelo quebrado, de pontas descoloridas e secas, me diz que não tenho tempo; seus cachos pesados descem sobre meus ombros, numa juba bem castanha e indomável. Mas o que mais me aflige são uns olhos, providos de um azul agitado, impertinente, subversivo. De um verde indomável, selvagem e cruel. Olhos tão quentes, que chegam a ser frios. Que queimam. Papos chatos me cansam, o marasmo me consomem, a única coisa que me refreia é o sono. Aliás, sono é o que eu mais tenho tido. Como filha de Morfeu, metamorfo-me em casulo, escondo as asas - em dia de chuva não se voa. Tenho vivenciado o sabor de uma boa fofoca, me embebedado com o néctar das vidas de outrem, de pessoas que amem mais do que eu. Vejo a raiz do meu cabelo se mostrar em ondas, escuras e doentias ondas, como se os anos não tivessem passado. Estou de volta. 

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