O que gira *

Foram poucas, mas sensíveis vezes que me senti sem saída. Acredito que, por conta da minha natureza forte, os problemas que me atingem venham por outros meios. Por pessoas que eu não posso e não quero ter controle. Então deixo que ao menos um pouco de esperança pouse sobre meu peito, afrouxando os nós que lhe foram dados. Eu cresci. Será que parte de crescer é estar só? Me rodeio das mais variadas pessoas, nos mais diversos meios. Algo me faz pensar que ter uma essência única, um universo tão particular e conflituoso quiçá tenha me tornado um ser amargo, enclausurado dentro de suas próprias frustrações e medos, que não conhece o significado de proteger. Por ter visto a realidade de uma forma tão nua e ter tido contato com formas profundas de perversidade, a esperança que sempre tive foi no futuro. Garanti meu otimismo e pouca sabedoria refletindo por horas, sem saber como reagir. Inerte eu chorei, os olhos ardendo de dor e um sentimento de impotência fatal. Vejo tudo que fiz. Revejo meus maiores momentos. No centro da minha vida giram pássaros, penas e bandeiras. Giram poemas e livros que eu lia, mas já não quero mais ler. Giram pessoas, giram mundos, giram histórias. É muito mais fácil descrer.
O que me fez acordar hoje, não sei.
Meu corpo doía, minha mente cansada tentava se lembrar de tudo. Das minhas mais profundas memórias.
Me conhecer por completo se tornou emergencial e impossível.
Só queria poder afastar tudo aquilo que não faz bem, sendo clichê.
Hoje eu percebi que as pessoas escolhem pelo o que querem sofrer. Acredito na depressão como uma hibernação. Necessária e fria.
E não, não estou deprimida. Pelo menos não eu.

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