Odisséia de voltar *

Me escorro em suor
nessa estória dos trópicos:
que mais faço aqui, a não ser
ver meus seios fartos fartarem-se
fedendo à carne dos homens?

rebolo como num cortiço
sem muito efeito, sem nada
não compreendo o que foi perdido
no meu brilho vermelho - teimo

e pratico incesto
na minha tardia e longínqua irmandade
faço charme e danço xote
em você, embebido de etílico
eu sou seu circo

cheguei de longe em miniatura
cheguei de ventos forçados
abri a porta e te vi desnudo, sonolento

me entedia tal ratoeira
casamentos forçados
traições frugais
me entedia o ritmo sonso

queira eu permanecer
queira eu, diminuta, lançar-me no cerrado
pois que eu volte
rebolante e negra
farta e grossa
pro seio natal de minh'alma

e de longe avisto meus amantes
me cumprimentando, sorrateiros
estou de volta, meninos
mas não por muito tempo
já já meu barco parte
rumo à um novo oceano
com a certeza de que talvez volte,
talvez solte

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