Um adeus para quem ouvir *
Na profusão de verde da minha terra, um verde que em mim falta, me despeço. No meu bronzeado desbotado, desistente de uma labuta perdida em manter-se marrom, aceno suave da janela. Vejo paredes erguidas que nada me remetem, rachaduras mal colocadas em gesso e a sensação crescente de bolhas por trás das paredes. A minha cama nunca foi minha. Sempre portadora de prazeres alheios e colchas de estampas que detesto. Porém meu quarto abriga um postal, uma dica dependurada na parede de madeira que reflete meu próximo destino. Os visitantes de minha casa me dão adeus e eu me sinto tão visita quanto eles, nesse meu vai-e-vem silencioso de quem não pertece a lugar algum. Na minha mochila tem um livro de capa vermelha. No meu antigo uniforme um perfume novo que comprei. Nas memórias, uma dor latente que sobe pela testa: um dor de resignação.
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