Alea jacta est *

O fim de mais um ano surge como um fim de tarde. Sorrateiro, nem tive tempo de me preparar, nem tive tempo de confabular comigo mesmo à cerca do que esperar. Melhor assim, melhor que eu nada espere, melhor que eu nada cultive. Que meu corpo e minha mente estejam vazios, inóspitos, alienados, assim não haverá domínio, não haverá nada. Poderei, enfim, ter minhas primeiras amostras de vida, vida pura, sem vícios, apenas vida. Por isso peço ao Senhor que me habilite. Não jogarei flores no mar, não mais, nem farei pedidos, nem lágrimas, nem vestido verde. As tais ondas estão muito distantes de mim para que eu possa tocá-las, imagine pulá-las? O único surrealismo que me acometerá serão as dezenas de vozes alteradas pelo vinho retumbando na minha mente. Definitivamente, não sei o que dizer. Acho que só me resta agredecer por tudo: desde o começo este ano me inundou de informações, de novidades. Me fez acordar. Saber que nem tudo pode ser resolvido e que a mudança vem tanto para o bem quanto para o mal. Me ensinou que a mentira envergonha, tortura e que o caminho, no final de tudo, é só meu. Claro que durante a caminhada existe companhia, afinal ninguém anda sozinho, por mais que assim queira. Beleza mesmo são as flores que pelo caminho se encontram, desabrochando felizmente, despertando em mim sincero amor. Mas são flores, flores não andam. Queira Deus que eu pudesse carregá-las! O que vale é a vida, é a cor, por isso não as arranco. Contemplar é preciso. Depois seguir em frente. Se existir algo eterno, este me acompanhará. Ainda não o encontrei, não sei onde mora, nem sei se mora, nem sei se namora. Porém meu caminho está aberto, suas vertentes serpenteando como um rio, dançando, cantando, vivo. Avante!

Comentários

Postagens mais visitadas