Brevis esse laboro, obscurus fio *
Existe uma dimensão em que nos encontramos. Foi tudo tão repentino e perfeito, que me tocou aqui, do lado de cá. Senti seu olhar pousando nos meus, ouvi o barulho das folhas aos nossos pés, farfalhando na nostalgia do outono. Eu pude ver, tudo aquilo que teria sido desse lado, tudo aquilo que sonhei, tudo aquilo de que me arrependo. O tempo todo olhei para baixo, relutando em acreditar você se materializou. Palavras vagas, cheias de um sentido aromático, floreavam a atmosfera, na dimensão em que nos encontramos. Em tal lugar eu era livre, livre de corpo. Nossas almas se encontraram lá e lá ficaram, deixando um legado sofrível ao meu corpo que só faz te querer. Pois te quero desde que descobri das nuances dos seus olhos, da frieza das suas palavras, tão parecidas com as minhas. Te espero desde que me contaram, que você em mim tem o efeito perfeito. A queimadura dimensional arde, a ferida não cicatriza. Nunca realmente te vi - ou teria visto, quem sabe? - nem sequer o toquei. Mas rastreio o passado pelos pensamentos que voam fervorosos ao futuro onde nossos corpos se tocarão. Não será inusitado, pra mim. Será perfeito.
(BFG)
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