03/04 *
Acordei meio triste e meu café com pão não me alegrou. Olhei triste pra fumaça que saía da xícara e descobri: eu estava apaixonada. Nunca soube direito o que era sentir e meu eu pouco prático carecia de respostas emergenciais. Era pra estar doendo? Ou essa bagunça caótica cheia de poeira e baratas? Eu estava triste, também. Nada disso era pra ter acontecido, sabe. Eu deveria ter tido mais controle, na verdade eu nem deveria estar aqui. Eu deveria ter ido há tempos.
Então, por que?
Ignoro o mundo a minha volta num misto sujo de depressão e vitimismo. É que busco justificativas pra minha falta de utilidade e zelo. Arrumo minha cama como protesto. O ato de deitar-me é o único que me enobrece. Cato migalhas do chão e as ponho na boca sem soprar. O que entra em mim não precisa mais ser bonito. De que me adianta tudo que vi, se agora são apenas borrões perdidos num passado que poderia não ter existido, que ninguém saberia? Não sei se sou capaz de amar. Parece uma atividade impura, vindo de mim. As coisas deveriam ser mais fáceis. Ou pelo menos, mais digeríveis. Não fui a mais feliz das crianças, mas não me orgulho de ter crescido. Talvez a vida pra mim não tenha propósitos de uma alegria plena e contemplativa. Posso ser eterno mártir de mim. O lobo na pele do lobo. Arranhando a carne, destruindo a carniça. Se bem que não existe muita diferença entre as duas. No final, é tudo lixo.
Pergunto, mas com medo das respostas.
Me esquivo das soluções. Meus problemas tem me mantido de pé.
Não me orgulho das minhas histórias, sei que são apenas sopros do vento.
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