Reentrâncias
Eu via que tuas lentes andavam turvas, sempre cheias de gordura.
Então eu lhe arrancava os óculos da cara e os lavava com gosto, sem nem saber porque. Eu os testava em mim pra ter certeza de que a vista estava melhor, mais nítida. E te passava aquilo sem nenhuma emoção aparente. Tudo fora tão automático que quando eu mesma tive meus óculos, senti falta de quem os lavasse pra mim. Meu zelo se perdeu no tempo, sem volta. Serei eu digna de um amor tão rotineiro?
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