Retorno

Volto para trás das mesmas paredes
dessa vez meio minguada, meio partida ao meio.
Mas volto.
Minhas antigas roupas não me cabem mais, na verdade pouca coisa daqui realmente me serve. A falta de ar, a insônia, o medo, só esses não me abandonam. O aperto de ser apertada até sair água. Nossos ídolos não são mais os mesmos. Agora sou a incógnita no caminho de não se parecer com o progenitor. Com a mãe Terra. Eu me aborto todos os dias, desconstruo meu eu biológico cheia de falhas nos códigos. 
Os círculos concêntricos cheios de cores e euforia não me representam mais. A claridade da luz branca, os reflexos de anos de concentração e dominação. Agora, liberta, ou tão liberta quanto acredito ser, vago pelo meu espaço, tentando lembrar de que eu outrora fui; tentando refazer meus passos, guiados pelos mesmos pés e pares de sapatos que hoje retorno ao guarda-roupa. 

Comentários

Postagens mais visitadas