Percepções + haicai
Eu acordei. Mas assim que desci meus pés da cama, fui acometida pela doença do mal humor. No Brasil faz calor no outono. O suor descia de meu rosto e eu me perguntei - mais uma vez - o que eu fazia aqui, perdida nesse canto da América Latina. Apesar de amá-lo, tinha de deixá-lo. Acho que era mais que o destino. Mais que um chamado. Era um fato incontestável. Um dia tudo que conheço seria transformado em saudade viva. Eis que a saudade se faz uma palavra única na minha língua do amor. Da minha janela eu via cinza e luz. Do cinza eu gosto, mas a luz me arde os olhos muito coloridos - que talvez eu nunca vá saber a cor exata - a luz me tranca do lado de dentro de casa e sou obrigada a enxergar tudo com lentes. A partir de amanhã, lentes de aumento. É que o mundo tem diminuído pra mim, os letreiros dos ônibus não fazem sentido, uma vez que nunca sei pra onde ir. No ponto final, comprei cigarros. Queimei meus dedos com isqueiro. Nada disso intencional. Tive medo. Cheguei há tempo. Sabe, eu sinto mais desamor do que a forma afirmativa. Sinto mais desencantos do que magia. E tudo que há em mim responde energicamente ao meu pessimismo. Estou sozinha. 'Nenhum santo tem pena de mim', jamais tiveram. Nem quando eu os via.
Não pude ser poupada.
Me afogo nos meus cafés exagerados pela manhã.
Azul do doce
Caindo febril por aí
Será que vivo?
Não pude ser poupada.
Me afogo nos meus cafés exagerados pela manhã.
Azul do doce
Caindo febril por aí
Será que vivo?
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